Olá Gente. Cá estou eu para dar continuação a Saga Mitos e Lendas. Hoje vou privilegiar minha cidade Maceió. Sei que essa história também é contada em outros Estados, de maneiras diferentes. Aqui a gente aprende desde pequeno. Como sou nascida e criada no Bairro do Prado, onde possivelmente a história se passou e onde está localizado o Cemitério da Piedade com o túmulo, sempre tive muita curiosidade e medo ao mesmo tempo. Adorava quando minha avó e outras pessoas contavam pra mim e já fui diversas vezes lá.
Primeira versão dessa história: Um jovem estava se divertindo em um baile, quando viu e conheceu uma moça
muito bonita que dançou a noite toda com ele e lhe deu um beijo (deve ter sido um selinho,mas marcou rs). Ele se ofereceu a levá-la em casa e quando se aproximou dela percebeu que ela
estava muito gelada e
gentilmente, como um cavalheiro que tá difícil encontrar hoje, lhe emprestou a sua capa preta de motoqueiro pra
ela se aquecer. A moça insistiu para que ele não a deixa-se na porta de casa e
ele acabou deixando ela perto de um cemitério. Antes de ir embora ela
escreveu o endereço (naquela época não tinha face nem Instagram rs) pra ele ir buscar a capa. No dia seguinte o moço todo contente de rever "a gata" bateu
na porta do endereço dado e uma mulher atendeu. Ele contou o lance da festa e tal,
mas quando falou no nome Carolina, a mulher foi mega grossa com ele e disse
que a brincadeira era de extremo mau gosto pois sua filha havia morrido
já a algum tempo. Lógico que ele não acreditou e como ficou insistindo muito, ela pediu pra ele
descrevê-la, e se surpreendeu quando todas as características dadas batiam
certinho com a foto que ela mostrou na parede (com flores ao lado) da
filha morta. Ele não acreditou, então ela o levou pessoalmente ao túmulo
da filha, onde estava a sua capa estendida e o nome Carolinna Sampaio Marques com datas em algarismo romano e uma foto da moça.
Segunda Versão da História: A família da Mulher da Capa Preta, viveu, no bairro do Prado, e foi uma das antigas mantenedoras da Santa
Casa de Misericórdia. Na verdade ela morreu com 52 anos,
mas teria aparecido como uma linda jovem, dizem que certas aparições assumem a forma, aparência de algo que
realmente precisem. No caso, ela era uma mulher sozinha, com medo de
nunca se casar (ao que parece ela não se casou mesmo, pois vivia doente,
com tuberculose), morrendo com o desgosto de nunca ter casado, assumindo em um baile (galera se liga boate não existia naquela época, nem balada), no início do século 20, a aparência de uma bela moça, que seria
mais desejável que de uma mulher madura para se casar.
Esses bailes da alta sociedade, eram frequentes, onde as mulheres iam muito
bem trajadas, e os homens, perfeitos cavalheiros (pelo menos na
aparência), sempre tentavam cortejar as damas. A lenda
conta que
ela foi a um desses bailes, bem trajada, linda mesmo, como deveria ter
sido na sua mocidade, e um rapaz se interessou por ela, e passaram um
bom tempo juntos, mas ela dizia que não podia ficar muito, pois saiu de
casa contra a vontade dos pais, por se encontrar adoentada, e que não
deveria se expor à friagem da noite para não piorar. Ele gostou
muito dela, da sua companhia, e como um cavalheiro, se ofereceu pra acompanhá-la em casa,
mas ela se recusou totalmente, alegando evitar problemas em casa. Como ela mesma
tinha dito que estava adoentada, e ao mesmo tempo, seria uma forma de vê-la outra vez,ele insistiu, e ela aceitou sua capa. Ele pediu seu endereço, já que marcariam um novo encontro, depois que ele estava com o endereço dela em mãos, ela se foi e ele permaneceu
na festa. Tão logo ele pôde, foi até a casa dela, atrás da "moça" e da
capa em questão.
Chegando lá, o choque inevitável: a família entrou em pânico, em choque mesmo, informando que não
tinha ninguém com o nome informado morando lá, mas que era o nome da
filha e que ela já tinha morrido. E ele se recusando a acreditar,
achando que estava sendo vítima de uma brincadeira sem graça. Depois de muita conversa, convenceram o rapaz a ir com eles ao cemitério (moravam perto), para que a família mostrasse o
túmulo dela. Chegando lá, ele vê o túmulo, e a sua capa em cima, não
restando mais dúvidas sobre o que aconteceu.
Foi ao passear com a namorada pela
calçada do cemitério da Piedade, no Prado, que o pernambucano Marcos
Catende ouviu pela primeira vez a fatídica história da mulher da capa
preta, um tema que causou arrepios nele e na pele de sua companheira. A
narrativa, que já entrou para o imaginário da cidade, o atormentara
tanto que Catende investigou a história por conta própria. “Passei duas
semanas indo ao cemitério da Piedade para descobrir um pouco dessa
história”, conta Marcos.
Em uma de suas visitas, Catende
deparou-se com um túmulo que tinha a inscrição: Aqui jaz Carolina de
Sampaio Marques, nascida em 21 de março de 1869 e falecida em 22 de
novembro de 1921. Uma capa moldada em granito ornamenta a sepultura
ilustre ainda hoje. A lenda ganhava um contorno de realidade.
O interesse pela lenda fez Marcos
Catende criar em 2001 o bloco de carnaval “Mulher da Capa Preta”, um dos
mais tradicionais da capital alagoana. O festejo acontece geralmente
duas semanas antes do carnaval e já concentrou cerca de 10 mil foliões, a
maioria com fantasias com a temática fúnebre, como zumbis, vampiros e
até mesmo homenagens a inspiração do bloco, a mulher da capa preta.
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